sábado, 27 de maio de 2017

DENSAS CARGAS

Andamos sobrecarregados
sobrecarregados de nós mesmo.
Nós sorvemos nas comidas, nas bebidas, nos olhares atravessados nas ruas, no trabalho desenvolvido, nos estudos inacabados, nas rezas, nos cheiros, nos sentidos, nos sentires.....
Nos sobrecarregamos de tudo.
Ficamos pesados de nossos sentidos.
E quando nos privamos por algum tempo, seja ele qual for, em breve buscares algo novo a sorver.
Nas galerias de arte, nos teatros, nos cinemas, nas oficinas de artificies, sou flânuer do fazer do outro.
Me sobrecarrego dessas vivencias, desses cheiros e texturas.
Mergulho em mim construindo histórias que nunca serão vividas ou contadas.
Quantos foram os diálogos ditos mentalmente que nunca serão revelados ou narrados de fato.
SOBRECARREGO-ME
dessas vivencias tolas; na sede de esquecer a necessidade de falar todas as palavras possíveis.
Sobre carregados são os humanos que vivem e morrem na necessidade de sobreviver ao caos que tudo esta colocado, onde os meios e os saberes já lhe foram tomados.
Somos tão pueris, mas as nossas mochilas pesam mais que o corpo e distorcem o nosso andar; inocentens não as largamos no meio do caminho para voltar a correr atrás das pipas que bailam no céu, no céu dos sonhos das premissas do possível.
Sobrecarregados,largamos-nos no meio a calçada, o meio fio, no sofá, no seriado de tv, nas palavras vazias dos jornais e novelas e nos esquecemos de dizer boa noite, terminamos essa batalha e amanhã começara outra....

Na linha do horizonte muito limpo, limpo, limpo....se vê a camada da poluição avisando sobre o que respiramos....

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Caixa de memórias


Todos os dias depositamos alguma memória nas nossas caixa de dados. Algumas serão corrompidas com o tempo, por uso ou descaso. Todos os dias.
As memórias são acessadas em secções, de acordo com a necessidade usual.
De fronte ao espelho, o que vê-se é um amontoado de memórias de si mesmo, reconstituindo-se de si mesmo do que foi, do que é e talvez do que talvez será.
No nosso deposito de memórias felizes guardamos as coisas mais incríveis que vivemos, por mais idiotas que sejam.
Hoje por exemplo, uma aula de arte falar sobre técnicas, um encontro com uma amiga e um café no meio da tarde e no fim da noite colocar a escada na janela para ver o ninho que as rolinhas fizeram e colocaram seus ovos.... 
Neste misto de arquivos que podem ser divisíveis, são indivisíveis a mim. 
Diante de mim paginas em branco e sobre mim todas as memórias vividas.
Numa colchas de memorias não me refaço, mas tento refazer todas as histórias que conto; na sede voraz de que nada foi perdido para contar-se, mesmo sabendo que tudo já se foi.
Somos tão pó com vento. 
Somos apenas poeira de estrelas. 
Somos caixas de memórias
Somos um motor em propulsão constante
E nas memórias contadas outros serão vento, estrelas, deposito e constante.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Sob vôo

Sob um mar de nuvens, sobrevoando cidades, vamos nos iludindo o perto e o longe.
Perto e longe. As distâncias de aéreo são curtas....
A pé as distâncias são maiores, mas tem o contato com o mundo...
Sob nuvens o que se vê é a brancura desta cortina que impõem uma claridade de arder os olhos.
Sob os pés um mundo que não vemos e a esperança de reencontrar novos lugares.
De repente as cortinas de intensa brancura se abrem mostrando morros e vales de lugares desconhecidos.
Nos olhares pela janela essa imensidão de luz entra mostrando a força de uma manhã, onde as distâncias vão diminuindo.... E cada vez mais perto das saudades e dos universos transversos de quem vive em vários mundos...
Perto e longe...
Longe de casa. Perto dos sonhos e da casa das infâncias.
Hoje às distâncias são cada vez mais curtas... Um mundo online e disperso e as possibilidades das vídeos conferências...
Voar é um gesto de amor, de proximidade e concretização.
Nestas distâncias e proximidades somos apenas parte do fluxo. Nem ponto somos mais.
Fluxo....
Ainda estamos sob nuvens. E por hora o outra se abrem mostrando vales...
Logo aterizaremos... Num novo solo, numa nova cidade. Um novo eu.
As distâncias agora já são menores mas a casa terá que aguardar a volta.
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