domingo, 4 de junho de 2023

Família num album de retrato

É madrugada.
Noite com lua cheia no céu e início da noite com vênus brilhante. 
Ontem foi sábado e me coloquei em movimento. 
Não sei pro lado certo - mas me lancei no espaço. 

Nesses últimos meses andei anestesiada... doente... distante e ausente até de mim mesma, tamanho foi o rolo compressor que passou sobre mim. 
Estou há dias para vir aqui relatar sobre isso. Aqui ainda me sinto mais segura para escrever sobre certas coisas que nas tais redes sociais.
Uma hora eu trago meus textos de lá pra cá 

Em março recebi a visita da minha tia, irmã de mamãe aqui em casa. Ela já tem 83 anos e não veio sozinha - veio com a filha. A minha prima mais nova e com certeza a mais problemática de todos os netas da minha avó Alice. Apesar de entre os netos poderia rola uma disputa entre os problemáticos.... 
O mal da família é a Esquizofrenia ... a depressão e os surtos de loucura .... Passei alguns anos ouvindo na boca miúda que a minha mãe era igual a minha avó em gênio e surtos; sinceramente eles estavam todos errados. Ninguém é igual a ninguém, mas insistem que precisam enquadrar as pessoas em formas pré-moldadas.
A minha prima filha dessa tia, irmã de minha mãe, é uma pessoa assim singular; está vivendo um momento de crise depressiva com um grau elevado de ansiedade querer ficar muito rica e comprar a humanidade ao seu favor... Ela mesmo não aceita ou não consegue entender porque a nossa avó não gostava dela. 
Eu durante a minha infância também não gostava dela porque a achava egoísta demais sobre as coisas que ela considerava dela ... Com o tempo passei a acreditar que aquele egoísmo era coisa da infância e com o tempo ela mesmo criaria outras mascaras sociais e teria outros comportamentos. 
O tempo passou e aquele egoísmo - virou um poço de arrogância, prepotência, vaidade e soberba. 
Tudo bem que ela seja tudo isso, tem horas que acredito que seja até necessário a ela pra sobreviver nesse mundo selvagem de pedra - mas sempre agir assim a coisa toma outro sentido.

A vinda da minha tia a minha casa foi muito esperada por anos por mim. Acreditava que esse encontro poderia ser muito positivo e trazer boas histórias para lembrar .
O que restou 
foi o que não restou mais nada. 

A vinda delas a minha casa virou um show de horrores pra mim. A minha mãe tem outra personalidade para lidar com as coisas e ignorou as atitudes ... 
Contudo eu ouvi as falas agressivas da minha prima com toda elegância e soberba.... O fato de não saber o nome do garçom do lugar que sempre frequento foi motivo para me chamar de deselegante e descortês. Ela fala baixo, toda no finesses - eu  sempre  falei alto ... e sinceramente não tenho como mudar muito essa condição por vários  motivos - começando por viver numa casa de surdos, ter perdido parte da minha audição na infância, recuperei depois, mas o estrago vocal já estava instalado - e a minha prima acha isso o oh! Nunca me liguei pra isso, mas a vinda dela a minha casa - eu tive que controlar o meu tom de voz, tive que dormir com a minha porta do quarto encostada, tive que pensar duas vezes o que eu ia falar para não ofender a coitada soberba que tinha ficado sem o seu numero de telefone por conta de um cambalacho que a ex- companheira fez com ela (as histórias dela são todas best-sellers de novela)..... 
Foram  5 dias pisando em ovos dentro da minha casa, porque só a minha prima tinha cuidado, ajudado, feito as coisas para minha tia em detrimento dos irmãos... Num discurso do alter ego inflamado - em que somente ela era capaz de salvar o mundo  - que mundo ? 
só se for o da cabeça dela. 
As agressões verbais foram quase que diárias ou diárias ... Virou um tormento pra mim. 
O desfecho foi bem ruim e terminou numa discussão com filha da minha tia gritando comigo que eu não podia gritar com ela e não poderia mais levar a voz a ela ... e que não ia mais ficar no meu apartamento e que iria para um hotel.... e assim ela fez  ... mas deixou a minha tia aqui em casa sozinha e foi para o hotel .... 
Isso foi num domingo. A viagem de volta da minha tia era na quarta-feira, mas ela não sabia nada sobre o voo dela. Segunda feira após o episodio louco, eu fui pra faculdade tentar sobreviver, voltei pra casa e sai com a minha mãe e a minha tia - e estava desde de domingo tentando saber se os meus primos sabiam algo sobre o voo. Dai rolou o ainda uma ultima briga com a minha prima - pois ela queria a minha tia tinha que ficar correndo atrás dela para poderem viajar juntas...   e eu tive que ficar ligando para o zap dela pra saber paradeiro, porque a bonita também não ia se dobrar pra ligar pra mãe dela e nem pra mim ou pra minha mãe. Criando uma verdadeira situação desconfortável, pois ela tinha me dito que eu não poderia mais falar com ela, mas eu precisava ligar para colocar a minha tia para falar com ela ... sinceramente um tremendo papelão.
A mulher veio buscar a mãe sem falar comigo e de forma bastante arrogante. 
Sinceramente me senti uma idiota .... 


A minha mãe sempre falou pra mim que família é boa no retrato ... ou que eles são iguais aos nosso dentes e que ainda mordem a nossa língua.


Ter a certeza que a única família que tenho são a dos meus amigos e a minha mãe 
me custou a paz desses ultimo meses. 

Demorei para escrever sobre pois ainda estava digerindo isso tudo. O grito no meio da minha cara, a prepotência em que falava as coisas como uma única detentora de saber, uma quase médica .... 
Sou mais a minha simplicidade, meu chinelo, os meus amigos e os meus livros. 

Quero paz .

Mas pra isso eu to precisando reconstruir a minha paz interna e meu direito ao grito 
CHEGA! 
não tenho mais nada a lhe dizer 
quero bem longe de mim e quanto menos eu sei deles melhor. 

As coisas que guardo foram as lembranças do tempo do meu pai ... e que talvez em breve eu também esqueça.  O meu medo de Alzheimer me faz pensar muito como quero ter as minha lembranças ou o que quero tentar manter.
 


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