domingo, 24 de maio de 2020

hashtag um dia de cada vez

um dia de cada vez

Fazia tempo que me faltava para escrever quase diariamente.
Fato que tenho escrito muito mais no Facebook que aqui ainda, mas aqui me sinto mais segura para escrever as minhas verborragias.

Antes do face, escrevia mais confesso. Mas lá a escrita se perde no meio de tanta informação e publicações e propagandas e coisas aleatorizas que de fato não sei onde a escrita chega.

Nesse período da quarentena escrever é mais que alento é necessidade. é como se pudesse falar para muitos a mesma coisa.

Hoje me dei um dia para não fazer nada prático - não pintei, não produzi algo para o museu, não estudei, não falei sobre cultura, não liguei para nenhum amigo ( isso eu quase nunca faço) e  não pensei em trabalhos e projetos.
Hoje me dei o direito de almoçar tarde as sobras de ontem do almoço... escutar a minha mãe berrar ao telefone com as amigas dela - acho que ligou para umas cinco pessoas hoje... ela liga sempre.
Hoje me dei o luxo de ver um filme inteiro na sessão da tarde de sábado e sonhar com o vestido de noiva da Cinderela - acho que foi uma das poucas animações que vi no cinema quando criança.
Hoje me dei o luxo de abrir meu armário estante embolorado - que exige de mim há uns 6 anos - uma arrumação que nunca faço e de lá tirar livros que li e que não leio mais ... voltar a coloca-los no mesmo lugar. Mas teve um que ficou na minha mesa e o meu desejo de contar essa história - a do Pulo do Gato. como eu gosto dessa fabula. li e reli essa história tanta vezes, é como se eu soubesse ela de cor....

Hoje me dei o direito de livros infantis
Tem sempre uma leveza nessas histórias - um tanto de coragem e gentileza....

Tenho lembrado direto do meu pai. Falei sobre ele com a minha mãe hoje.... como sinto falta das nossas conversas nas volta das caminhadas ... você sr. Harald foi muito cedo.
Me lembrei um tanto tarde que no dia 5 deste mês ele teria feito aniversário - teria comemorado 80 anos - não sei como ele seria hoje - se seria ainda tão chato e intransigente e amoroso comigo ou se só seria um chato - duvido - a gente é moldado pelo tempo e tenho alguma esperança que você estaria diferente.

A minha saudade tem 25 anos. Muitos dos meus colegas são mais jovens que isso. São poucas pessoas que ainda me conhecem do tempo que meu pai estava vivo.
Como a gente muda, por bem por mal....
Só quem tem uma saudade grande sabe como é carrega-la no peito.

Os livros de alguma forma me levam para esse tempo que faço questão de guardar dentro de um armário fechado a chave e recobri ele de coisas novas de tempos em tempos.
São os tempos...

Hoje me dei o direito de ser leve e de escrever o que comecei ontem e terminar e escrever hoje para hoje publicar.
E ler brevidades mais leves que os noticiários.
Assisti a minha novela e o telejornal que já não consigo acompanhar por repetirem as mesmas coisas ....

Eu sei que no meio dessa folga aconteceram coisas desconsertantes como saber que o prefeito quer reabrir o comercio ja na primeira semana de junho - juro eu tenho medo - e que ate o final de junho tudo deve estar funcionando normalmente ....
tem gente feliz com isso e gente sem saber o que fazer.
Não há novo normal e nem uma volta tranquila ...
por hoje foi isso .

sábado, 23 de maio de 2020

uma semana estranha

Uma semana bem estranha.
Não dá para aceitar, ver, sentir sem dizer nada.
Tem uma especie de grito trancado na garganta.

Tem gente que insiste no silêncio ou numa avalanche de palavrões para não dizer nada.

Essa semana enquanto os números dos mortos pelo novo vírus continuam aumentando.
Já tivemos mais de 1000 mortos num dia.... 
Ainda temos que sofrer pela morte armada que tirou vidas inocentes dentro de comunidades...
Eram meninos pretos, que moraram num lugar desprivilegiado...
Que estavam na mira da bala por casualidade....
Não tem causalidade para os que mataram eram policiais preparados para matar...matar qualquer um com algum motivo sem motivo algum. Alguma desculpa que não tem como desculpar.

Se isso por si já nos deixa sem chão sem rosto... sem folego

Na esfera política a coisa toda anda na contra mão... Sem mão e sem rota de destino.
O governo está afundando o país diante de uma panaceia administrativa que esta mais preocupado em saber se os ministros estão falando bem ou mal do presidente ( isso é apenas uma sugestão, a coisa toda tá pior que isso)

São três pandemias numa só.

Somos meio que sobreviventes dessa loucura que chamamos de Rio de Janeiro - Brasil.

Daqui a alguns meses talvez tudo já tenha sido esquecido. Mal do brasileiro.esquece rápido.

Nada tá fácil. o Tempo lá fora é um temporal de situações absurdas.

somos vulnerais aos vírus das maldades - do covid, do mito e da negação de tudo .... não têm mascara que proteja todos e nem capote que impeça tudo isso ocorrer.

Se de um lado tem uma doença sem tratamento, to outro um governo que acredita que governa sozinho e uma policia militar que mata sem motivo - o que falta para o circo pegar fogo?

A sociedade insiste no discurso que todos vamos pegar a doença e que morreu morreu.... são os suicidas que acham que todos temos que pular da prancha do barco.
Tem um líder politico que controlar tudo e saber os que os ministros falam nas costas dele e interferir em todas as situações governamentais e mandar sozinho como um ditador.
Políticos corruptos de outro lado que não melhoram as ações hospitalares do momento...
e para cerejar .... uma policia que mata covardemente sem razão alguma...

Tempos estranhos




sexta-feira, 8 de maio de 2020

E daí?

E daí?
Que se foi mais um ou se foi mil.

E daí?
Se vai rolar uma festa para 30 ou 20 mil 
Se enquanto isso morrem 500...

E daí?
Se houve a ditadura e só morreu uns poucos
Se de fato uma sociedade conservadora estava de acordo.

E daí?
O governo diz que é a verdade 
Mas não diz verdade alguma

E daí?
Se os pobres morrerem 
Se os ricos ficarem em hospitais de última geração.

E daí?
Se tem ventiladores ou se não tem.
Se tem EPI ou se não tem 
Se tem medicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

E daí?
E só uma gripezinha
E só um empurrão ao precipício....

E daí?
E você e eu com isso?

E daí? 
Fica em casa e reza
Fica em casa e estuda
Fica em casa e viva.

Toda vida importa! 
Não tem e daí. 
E por favor não defenda o genocídio. 

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Um tempo - EU

Quem sou eu?
Me chama Ester Lauffer Zerfas
tenho 40 anos
moro na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Meier - não, não é uma favela.
Não tenho filhos e nem sou casada. Porque não aconteceu.
Moro com a minha mãe . sim moro com ela e não sou filhinha de mamãe - sei fazer tudo dentro de casa e sempre que posso ajudo em todas as tarefas domesticas.
Não tenho nenhuma empregada domestica.
Sou formada em Geografia e Licenciatura em Geografia. Mas não é a mesma coisa? Não. Um é o Geografo o outro é o professor - são duas formações e duas formas de pensar diferentes.
Também sou formada em técnica em Guia de Turismo e Técnica em Contabilidade.
Atualmente faço outra graduação em Produção Cultural. Porque é o caminho que escolhi traçar pra minha vida de pensar em produzir ações culturais a partir de um olhar geográfico e das politicas de divulgação cientifica.
Trabalho - não sei - como bolsista da Fundação Cecierj  como Planetarista. É quem faz as sessões de planetário. Planetário é um equipamento que permite projetar o céu o noturno ou diurno num teto em forma de um semi-esfera, dando a sensação de observação do céu como um todo.
Falo sobre estrelas, planetas e outros objetos celestes; falo de mitos e contos e conduzo o visitante a sonhar com esse céu.

Também sou professora nas horas vagas - dou aula de Geografia e História para alunos de forma particular.
O que faço da minha vida no tempo que sobra ?

não sei muito bem.
Tem gente especulando que eu namoro e outros especulando que estou estudando.
De fato o que mais faço com o tempo que sobra é NADA
não faço nada
a necessidade do vazio e ficar pensando no universo e nos sonhos são tão necessários.
O que mais gosto de fazer com o tempo que sobra é flanar pela cidade - ver as pessoas, seus hábitos, as situações inusitadas e perceber quantas histórias cabem alí naquele misero instante.
É quase um nada ....

Agora está satisfeito em saber quem escreve ?
Tem gente que precisa de currículo
e outros de legendas.

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