terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A outra

Sobe um escada, abre a porta      
Entre aberta, observa
No quarto a outra
Outra cor
Outra luz
Outra coisa

Escondido o outro te olha
Te deseja
Te contém
Mas te reprimi

Na janela vizinha
o casal ja desnudo
o outro
só se contempla

A outra
se esforça
Se ergue e enfrenta
Mas apenas lamenta

As outras se queixam
do cabelo
da unha
da novela
e aquela fica sempre esquecida  pra trás

A outra face
é dada a porrada
apanha
sangra
chora
rebate com a outra face tal qual a primeira

A outra
Entra sem pedir licença
Faz ninho
casa e passarinho
a que estava vai sendo esquecida devagarinho

A outra
amante
amiga
irmã
nunca quase cabem na mesma mulher

O outro se esconde
desce as escadas
observar sob as frisas da porta
as palavras dadas para enganar.

Sempre tem um outro/a
a espera
ou a encontro
ou perdido
enquanto o que está se ausenta.

sábado, 21 de novembro de 2015

No fim de tudo

Há tempos sem escrever neste espaço, mais por falta de tempo do que de pauta.
Nestes dias de primavera, o calor tem sido de verão e as noticias dos fim dos tempos.
Uma onda de terror abala a Europa, em plena Paris.
Aqui ao lado, em Mariana, cidade histórica cheia de recantos, uma avalanche de detritos minerais invadiu a cidade; a represa de drenagem da mineração se rompeu, devastando um dos principais rios da região sudeste - o Rio Doce - um crime ambiental que não tem reparo para mais de 14 cidades que vivem a margem do rio e dele tiravam sustento e abastecia as cidades. Estrago que talvez em 30 anos consiga ser minimizado, mas não consertado.
O ano não acabou, os sonhos ainda precisam ser refeitos e conquistas realizadas.
O Estado do Rio está em eminencia de falência financeira.
O assunto do ano foi a inflação e crise econômica -  agora ela deu as caras - o natal ja chegou antes mesmo de começarmos a pensar nele.
O simbolo do Natal do Rio também sofreu um choque, antes de estar pronta a arvore da Lagoa se entortou com o vento da semana....

Entre tanta tragedias, no cinema estreou Chatô - o rei do Brasil, depois de 10 anos de delongas para sua conclusão e divulgação. Como Chatô o filme tem um ar de obra de arte como uma construção de um ser amado e odiado, faz da comunicação sua principal ferramenta de acordo com os seus interesses, onde a influencia vale tanto quanto o dinheiro.

A cidade ainda vagueia sobre seu aniversário, muito deslumbrando uma sombra odiosa do Pereira Passos.
Entre um vão e outro os trilhos do  VLT vem surgindo nas ruas do centro da cidade, reconstruindo ou reconduzindo as vias de acesso. O ressurgimento da Praça Mauá como área de lazer e de encontro, tem ficado bonita todos os dias. Logo volto a ver a Av. Central de mar a mar, esquecemos os contornos dos sacos e enseadas - aterrados de sombras, escombros e deslizes.

No fim sempre teremos um recomeço, mesmo que esse não seja como esperamos.
Daqui a mais uns dias um novo ano inicia-se e tudo que foi prometido será prometido novamente; um novo ciclo do sol sobre tempo escaldante.

domingo, 26 de julho de 2015

Abraço

Abraço
Em cada braço, uma fita.
Uma fita que da um laço, um laço bem dado
Que envolve
Que aperta
Que aquieta
Que desperta

No laço do abraço
Só tem os braços e o pulso do coração marcando

Dentro do abraço
Do laço
Cabe quase tudo que pulsa
Cabe amor
Amizade
Carinho
Raiva
Desejo
Inveja
Felicidade...

No abraço
Sempre tem conforto do laço
E o medo do aperto ser maior que o corpo.
Abrace
Lace
E enlace a si e ao outro
Em qualquer tempo

Com o tempo os abraços  afrouxão
Corações e mentes.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Pedra e Água

De gota em gota ... a água fura a pedra.
A pedra dura, firme e estupida.
Fura.
A água macia, fluida e frívola.
Fura
Fura
Fura

Em tempo em tempo, tudo passa. Logo tudo se esquece
Esquece-se no tempo
Com tempo
Sem tempo
Em tempo
Tudo passa....

Eu quero tempo e ser água
Sou página rasgada sobre rocha intacta.
Peço a água quebre meus dogmas e transborde meu papel
Peço a pedra seja por vezes branda e que a água seja mais veloz.

Veloz ...
de gota em gota ... devagar ...
se rompe o que se contem ou que conteve ...

Com tempo
Em tempo
Fluído.

domingo, 1 de março de 2015

450 anos Cidade Maravilhosa

É aniversario da Cidade maravilhosa!

Não é todo dia que se comemora 450 anos.
Mas bem que esses 450 anos poderiam ser bem melhor comemorado...
Fato que a cidade tem 2 datas de aniversário o que faz qualquer um meio doido...
Tem gente que acha que o dia é 20 de janeiro - dia do Padroeiro da cidade - dia de São Sebastião. Que de fato é uma data importante para cidade.
E a data de 1 de março dia da fundação da cidade por Estácio de Sá.

A cidade anda em polvorosa. O transito caótico. Obras para todos os lados.
As conversas falam da falta d'água e da provável falta de energia.
A cidade cresce em ritmo de bateria de escola de samba.
E antes que acabe em pizza todo o carnaval..
E melhor que termine mesmo com pasteis e cerveja gelada.

Entre um compasso e outro, a cidade anda na corda bamba da sua redescoberta constante.
Ela transpira o tempo presente de forma alucinante.
Que ela aguente essa tranqueira para no futuro alguém contar mais 450 anos de história.










domingo, 22 de fevereiro de 2015

Todo Carnaval tem seu fim....

Seguindo a letra da música peço _ deixa  eu brincar de ser feliz, deixa pintar o meu nariz.
Meu carnaval terminou dia 16 as 22h52 com uma banda na perna direita pelas costas dadá por um individuo inconsequente para roubar um celular.
Bom, o celular foi e eu fiquei.
O rosto comeu chão de brita, 11 pontos no rosto, um dente quebrado, roxo na canela direita, roxo no cotovelo direito, arranhões na coxa esquerda, ponta do dedão esquerdo aberta, mão esquerda luxada....
Não, não quebrei nada.
A mira do cara era o celular na mão direita, precisou me derrubar pra levar um celular de R$100 reais....
Pobreza pouca é bobagem.
A verdade que o carnaval cada ano que passo fica algo inviável pra mim. Sempre tenho uma história triste para contar ... É o segundo carnaval que perco um celular, da outra vez foi pior num primeiro momento pois levaram a minha bolsa com tudo ... Bem mas eu recuperei tudo.
Desta vez meu corpo gritou. O maxilar doí.
Os blocos são para os foliões e as ruas aos ladrões... Entre um beco e outro a violência "dançou" livre leve e solta, tomando vidas e viventes pelas mãos.
Aos exagerados de plantão que se cuide ainda tem muito ano de 2015 pela frente.
Que bom que os pierrôs e as colombinas conseguiram se divertir...
Lembro que para muitos só acaba hoje domingo.
Olho e percebo... que o tempo é implacável....

Todo dia um ninguém José acorda já deitado
Todo dia, ainda de pé, o Zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer pra ver deitar o novo

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim
E é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz

Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco?
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul

Pra que mudar?
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar.


Sonho de Um Carnaval
Chico Buarque

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta feira sempre desce o pano

Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta feira sempre desce o pano

Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade

No carnaval, esperança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente grande saiba ser criança

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Entardecer

Lagoa Rodrigo de Freitas
É verão!
Mais uma vez a cidade se transforma num formigueiro ambulante; uns amando o calor escaldante enquanto outros reclamando do suor correndo no rosto.
Em tempos de liberdades por horas extremas e outras horas contidas, mundo neste primeiros 20 dias de 2015 ja viu que nada será muito fácil ou legal.
Começo pelo atentado ao jornal de humor parisiense, com a morte 12 pessoas pelo fim "das charges de Maomé". No fim também mataram os assassinos. Quantos são os assassinos da fé?
Entre uma discussão religiosa e outra, todos já perderam a moral, pois todos levam bandeiras reafirmando que sua fé é a certa. E qual é a sua fé?
Nesta disputa com e sem fronteiras reais tenho a sensação que estamos a ponto de uma nova guerra santa, quase aos moldes da Idade Média.
Enquanto isso na Nigéria, atentados, também pela convicção da fé, fez uma menina-bomba e outro incidente matar mais de 50 pessoas, no mesmo estado.
A Europa como um todo aumentou sua vigilância com todos os muçulmanos e todos que entram pelas suas fronteiras, na esperança de conter o terror, aumentando ainda mais a sensação de insegurança.
Do lado de cá do Equador, mundo não gira muito melhor. Se chorou a morte de narcotraficante preso na Indonésia e condenado a morte, pois lá o crime tem como punição a morte por fuzilamento e ele sabia disso.
Em terras brasilis a água pode ser o fator de briga ou discórdia, os sistemas de abastecimentos das duas maiores metropólis do país estão no caixa zero e não ha muito o que fazer já que destruíram nos últimos 10 anos áreas de reserva florestal que protegiam os mananciais e áreas estratégicas de preservação ambiental de geração de "água". E estão pedindo socorro a São Pedro.
Na outra ponta da falta d'água é a falta de energia, já que a nossa é hidroelétrica, sem água sem energia; então coloquemos nossas usinas termoelétricas pra funcionar e aumentar a produção de poluição (to achando isso ótimo...).
Se a água não vai causar assassinatos diretos, mas indiretos a violência tem aumentado, de várias formas. As praias tiveram que ganhar reforço para impedir arrastões (será que impede?) e as balas perdidas andam soltas pelo calor do Rio de Janeiro.
Num outro contexto esse ano teremos arroxo econômico; o governo quer que o povo consuma menos; ao meu ver isso faz que tenhamos menos empregos de forma direta. Enxugar ministérios poderia ser uma boa, mas todos iriam também chiar, não vejo muita solução; todos querem ganhar de alguma forma.... Talvez se todos sonegarem ou se todos protestarem .... não sei... o calor impede de pensar muito.

Enquanto isso entardece alaranjado no céu carioca, há 15 dias sem chuvas.
Que o verão não queime nossos miolos, para que possamos pensar e agir para achar soluções reais aos nossos dilemas.
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