segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Outros tempos ....

Faz um tempo ausente.
Neste diário perdido do tempo; neste tempo líquido, instável e intermitente. Escrevo de forma irregular; ora aqui outra ali.
Tem dias que escrever é necessário, algo que absoluto, profundo e exato para o tanto que se vive, ou não.
Os dias tem sido estranhos e eu como sempre quase um estrangeira diante dele.
Os assuntos coloquiais são os noticiários políticos, o tempo e as coisas banais - como os assassinatos de balas encontradas corpos perdidos.
Estamos acostumados a nossa guerra diária surda de si, ausente de nós.
Eu, eu mesma estou no meu vazio de paixões humanas, a paixão preservada é a da labuta, essa que não responde ao meu esforço e digo como o platônico me sustenta nestes dias repetidos.
casa, faculdade, trabalho, casa, faculdade, trabalho, centro de umbanda, casa, trabalho, teatro, casa, faculdade, trabalho, casa, trabalho, casa...
Numa dizima periódica de um numero PI, as coisas se repetem oras com função oras com obrigação.
Como em outros tempo continuam a me detestar pela minha voz alta, meu riso escandaloso, minhas falas intermináveis, pela minha paixão pelo que faço, por ser o que sou e não caber em caixa alguma.

Estamos no inicio da Primavera. Entramos no ultimo período do ano - a ultima estação.
Logo completarei também mais uma primavera - será mais um ciclo de 10 anos.
Será que terei ainda tempo para esse prazer de escrever ? Ou farei como alguns amigos que escrevem por voz?
Lembro em horas vagas, em que algum momento da minha vida, lá na minha adolescência queria ser escritora, pensei em fazer jornalismo ou estudar Letras. Os fatos da vida me arrancaram os sonhos das letras e outros tantos que tive.
Sobrou um chão duro com chapiscos e o sol quente. Os sonhos voaram.

Nestas andanças sobre esse chão, o pés calejam e depois já não sentem mais a dor. E por vezes outros sonhos nascem nestes outros tempos áridos.
Projetos, ambições e pés no chão.

Mesmo que na cabeça habitem sonhos mirabolantes de mundos mágicos com elfos e sereias, na realidade deste tempo dão, só podem habitar seres que andam pelo chão de chapisco e riem do sangue que correm dos pés e dizem que nada sentem. Andam maltrapilhos e sem dentes, em corpos gordos e desajeitados com garrafas de refrigerantes nas mãos. 
Os sonhos cabem em numa propaganda que passa pela caixa preta da tv ou do celular... 

Nestes tempos líquidos a morte tem tido as vezes mais valia que a vida... 
tristes tempos esses ... Ondes os sonhos são comprados e quase nada vividos.
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