terça-feira, 28 de abril de 2020

Zuccamaglio outra vez


Era pra estar dormindo as 3h30 da manhã.
Minha mãe estava sem sono - dormiu a tarde toda.
Ela adora falar de coisas do passado - o baú é grande.
Fica comparando coisas e que muitas vezes digo que são incomparáveis.
Mas essa coisa de revirar o baú do passado em uma quarentena sem sono rendeu.
Rendeu tanto que to aqui escrevendo.
Fui longe no passado - fui para no seculo XIX na chegada do meu bisavó ao Brasil.( eu já contei essa história aqui do velho Henrique, que descobri que de fato é Heinrich Maria)

A minha mãe tem mania de ficar falando da família que está longe - longe mesmo - ali no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná e outros lugares que não sei ao certo - mas estão longe.

Estar longe as vezes é muito bom. Faz a saudade aumentar. As vezes estar longe é muito ruim, porque faz a ausência ser lembrada.

Eu não moro e nunca morei no Rio Grande do Sul - apesar de vira e mexe alguém insisti em dizer que ja morei lá - como assim? Já fui lá algumas vezes  - muitas - visitando a família e passeando - estreitando laços.

Desde do falecimento do meu pai as viagem ao RGS diminuíram muito. Depois veio o falecimento do meu avô, de um primo de segundo grau, da minha tia, da minha avó - a venda do terreno dos meus avós.
Os laços que eram estreitos foram se alargando tanto que foram perdendo o sentido.
Quem somos nós nessa fila do pão?
Minha mãe me lembrou da família do lado da minha avó- do velho Heinrich - onde estão os Von Zuccamaglios?
Não ganhei o sobrenome pois minha avó perdeu quando casou com meu avô o sr. João Adolino Lauffer - é de onde  vem o meu sobrenome do meio que quase não uso.
O fato que nessa loucura de tentar ajudar a minha mãe dormir, acabei acordando de vez na procurar de saber o paradeiro dessa gente estranha que não conheço - é sério!

Na pesquisa pelo Google - pai de todas as pesquisas atuais - achei uma família no Michigan - EUA que tinha toda a genealogia dos Zuccamaglios  para minha surpresa- com fotos e uma genealogia bem legal. Mas sem a minha parte da família - mas isso tenho em casa ! eureka!

Uma coisa já sabia que a família deveria ter vindo da Itália - isso ok! mas veio de Verona.
Que o Von - apesar de todo o status foi forçado e pagaram alto por isso.
Que o primo de segundo grau do meu bisavó foi um homem famoso poeta, escritor, letrista, folclorista e solteiro até onde eu entendi.

O que tem de família desses Zuccamaglios são poucos - mas mantem alguma audácia.
E que esse laço pra mim é só história pra contar.
Porque de fato o que sei foi o que a minha mãe me conta e que a mãe dela contava pra ela e que o meu bisavó contava a minha avó - são histórias que são contadas.

Qual é a sua história?

A minha passa por esse fato de ter um baú de passado de histórias cheias de enredos estranhos, com viagens com janelas de ônibus e pessoas esperando na rodoviária ou não.

O tempo apaga algumas coisas mas permite também guardar outras.

Nestes tempo de quarentena quantos estão sem família, sozinhos, ausentes e esquecidos ?
Lembramos da ausência do abraço daquele que amamos.
Mas e daqueles que não conhecemos continuam sendo desconhecidos e ausentes ....
Estar sozinho ou ser sozinho nesta mansidão de gente - tendo uma família que não te conhece ou te desconhece - é como estar numa ilha e ver o mar e acreditar na solidão perpetua - não tem jangada ou barco ou navio para levar para outro lugar.

Então se você conhece alguém que está sozinho de um oi, faça um gesto de carinho nem que seja de longe mesmo.
Ainda estamos vivos.


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