
20 gotas.
É o que diz na bula.
Será que vai fazer efeito? Quanto tempo
vai levar para passar a dor?
Será que em 30 minutos estou legal?
Vou tomar mais água, esse negocio é amargo
demais.
Vou me deitar.
Valéria deita no sofá da sala, com dor
ainda após ter tomado mais uma dose de analgésico em gotas.
Tem a esperança de a dor passar em breve.
Já deitada, com os olhos cerrados, a
dor ainda atormenta e pensa e sonha que a tal dor irá logo passar.
Por alguns segundos até cochila, mas a dor tem pontadas e logo de olhos abertos espia o mundo e chora.
Pensa novamente em que a dor tem que
passar logo.
Volta a fechar os olhos e tentar
dormir. Desta vez com algum sucesso, dorme.
Depois de 1h, Valéria desperta,
observa a casa e pergunta o que se passou consigo e percebe que a dor ainda
estava ali no mesmo lugar antes do breve sono, um pouco menor mais ainda ali.
Levanta-se do sofá, caminha até a
cozinha e revira os potinhos de remédios que tem dentro do armário procurando
algo mais forte para aliviar a dor de vez.
Encontra numa cartela um comprimido
branco que diz 1g, o que a convence que esse poderia ser o mais potente que ela
teria em casa. Retira do blister e coloca –o na boca e pega uma garrafa de água
na geladeira e toma a água sobre o comprimido. Engole.
Respira fundo umas duas vezes ainda
em pé ao lado da geladeira. Volta para sala e senta-se no sofá e chora.
Na cabeça de Valeria o tempo não
passa assim como a dor. Eles pararam em algum momento antes do vazio que
consome o peito se instaurar de vez.
A casa vazia, todos os barulhos são ensurdecedores,
assim como o pingar de uma torneira no banheiro:
Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim,
Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim, Plim...
E o tic-tac do relógio:
tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac…
Só fazia piorar a dor. Uma dor que já não
era só física era na alma, não teria remédio que tratasse aquela dor da
solidão.
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