quinta-feira, 23 de junho de 2016

Outros tempos

Ciência, arte,ciência.
Arte,ciência, arte.
Criança, museu, descobertas.

Afinal, museu é lugar de criança?
Sim, é sim senhor!!!
Museu não é mais um gabinete de curiosidades. Ele é uma porta para curiosidades de ontem de hoje de amanhã e de sempre.
O homem sempre ira se perguntar de onde vem, pra onde vai, o que veio fazer. Suas respostas poderão ser várias. Mas com certeza ira perguntar novamente.

Essa discussão sobre espaço museal e seu público sempre me encanta.
O mediador pode estar em qualquer canto, mas dentro do museu ele tem uma função mágica de transbordar a idéia do artefato museal, ele argumenta junto com o visitante sobre as possibilidades do que ele vivência sobre a obra.
E daí as crianças nessa história entram como uma manivela de emoções múltiplas, com seus saberes, com sua ingenuidade, com suas respostas e suas experimentações. Num mundo lúdico de novas descobertas, transpassam o mundo real para o imaginário num piscar de olhos; nos convidando a mergulhar com elas neste mundo mistico e cheio de significados e significantes; traduzindo tudo para além dos nossos olhos.

São outros tempos.
Em quanto os museus buscam adaptações para novos públicos e quebras os paradigmas entre o escolar e o lazer, criando novas interfaces para dialogar com o mundo e manter-se novo. Do outro lado dessa história esta a escola, quadrada, fechada, curricular, dialogada... raramente múltipla.
A escola chega no museu é diz não meche. não pule, não corra, não fale, não perturbe.
E museu mostra botões, engenhocas, equipamentos cinéticos e todas as regras praticamente são quebradas.
É o gabinetes de curiosidades abriu espaço para o universo do lúdico enquanto a escola fecha o lúdico as classes da educação infantil, retirando os significantes do caminho da aprendizagem ...

 Penso na escola e no museu como Tuan* pensa o lugar - cheio de signos e significados e significantes.
Você vai ao Cristo Redentor - um lugar - onde o monumento e o espaço tem cunho religioso, mas o que mais encanta é a vista da cidade - o belvedere, se pensa na obra de arte, no caminho como chegar lá, na representação da obra como marco turístico da cidade... quantos são os significados para o mesmo objeto? Assim são a escola e o museu - cheio de significados e como inúmeros significantes.
E nessa inquietação que sempre pergunto a escola é um objeto geográfico?
E o museu é um objeto geográfico?
A Geografia da educação deveria ser algo ser estudado a sério. Não como um olhar pedagógico, mas com um olhar politico, uma contextualização da construção do espaço, um objeto transformador - não industrial - mas múltiplo de saber e de formação.
Os museus não são escolas. São livros que estão sendo constantemente reescritos, pelos coordenadores, curadores, museólogos, mediadores e visitantes - cheios de significantes.


* Para entender sobre o conceito de LUGAR de Tuan:  TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
Resumo:
"Yi Fu Tuan (1983) é um autor que recorre a uma abordagem com viés da psicologia, tratando da afetividade produzida pela humanidade e sua relação com o conceito de lugar. O conceito de espaço aparece como espécie de meta-conceito, pois os outros conceitos chave da Geografia se referem ao anterior enquanto uma obra humana. Destaca ainda que o Materialismo histórico entende o lugar como uma expressão geográfica da singularidade; e a corrente Humanística percebe o lugar como uma porção do espaço em relação ao qual se desenvolvem afetos a partir da experiência individual ou grupos sociais.
Este autor trata a relação entre espaço e tempo na construção do lugar. Para Yi Fu Tuan o lugar é uma área que foi apropriada afetivamente, transformando um espaço indiferente em lugar, o que por sua vez implica na relação com o tempo de significação deste espaço em lugar. "O lugar é um mundo de significado organizado." (1983, p. 198).
Na vivência, o significado de espaço freqüentemente se funde com o de lugar. "A sensação de tempo afeta a sensação de lugar. Na medida em que o tempo de uma criança pequena não é igual ao de um adulto, tampouco é igual sua experiência de lugar." (TUAN, 1983, p. 206)."Lugar é uma mistura singular de vistas, sons e cheiros, uma harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais (...) Sentir um lugar é registrar pelos nossos músculos e ossos" (TUAN, 1983, p. 203).
Só nos familiarizamos com um lugar após algum tempo. Lugar é por sua vez definido por e a partir de apropriações afetivas que decorrem com os anos de vivência e as experiências atribuídas às relações humanas."
 http://www.webartigos.com/artigos/conceitos-espaco-lugar-e-territorio/34813/#ixzz4CNVX5bUE


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