terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Um incêndio mobiliza um país.

Sabe-se que existem coisas que custamos acreditar.
Domingo passado (27/01) - as 2h30m da manhã ocorreu um incêndio em uma boate popular no município de Santa Maria (RS), que acabou levando a morte num primeiro momento 231, sendo que 127 jovens continuam internados devido ao acidente.
Isso foi um estopim para que vários municípios deflagarem uma ação contra 'prováveis incêndios'.
As ações que agora são declaradas, fechando casas de show, teatros, espaços públicos e coletivos, são visto por muitos como algo correto, certo.
Mas será que isso não era para se pensar antes do incêndio?
Será que uma legislação, qualquer que seja, municipal, estadual ou federal irá mesmo ser cumprida de forma correta por todos? Até onde a ação de fiscalização do Estado tem se feito presente ou simplesmente relapsa diante de algo quase improvável.
Estamos todos ainda sofridos com que houve em Santa Maria. Mas será que isso é razão para fechar todas as casas de show ?
Agimos no impulso do momento.
Temos que pensarmos como deve ser a melhor forma de agir para que incêndios não ocorram nestas proporções. Pensarmos que a legislação na construção de espaços de teatros e casas noturnas tenham regras claras e eficientes, que pensem no que pode ser permitido ou não, dentro de um espaço deste. Pois isso pode sim ser mais eficaz que fechar tudo. 
Teatros antigos antes destas leis como farão para funcionar?
Nem todos os espaços terão possibilidade de se adaptar, será isso a razão para o fechamento dos espaços ou a redução drásticas de sua capacidade, isso algo justo? 

Até pouco tempo atrás nem se falava em acessibilidade e hoje todos os novos empreendimentos precisam seguir regras de acessibilidade, prédios antigos e de acesso público tiveram que criar e se adaptar as tais regras de acessibilidade, enquanto muitos ainda perguntam: para que? Digo: para que todos possam usufruir deste espaço.

Pensar nos espaços e seus usos, é também repensar a cidade seus espaços e seus usos, como a encaramos e a enfrentamos todos os dias. Se nós também não a fiscalizamos e cobramos o melhor uso, o melhor qualidade, a melhor forma de cuidado social, por que as nossas autoridades também o devem fazer?

Cobramos do outro sua responsabilidade, pensemos na nossa também.

Precisamos sim de saídas de emergência em todas as casas de show, mas será que a nossa casa tem saída de emergência para nossos próprios incêndios? Até onde estamos de fato preparados para enfrentarmos um acidente real em nossas vidas?

Será que isso é discutido? Pensado? Acho que não, pois pensamos primeiro nas leis, na fiscalização, na ação do governo, na ação da polícia e pouco pensamos na nossa própria ação.

Que os familiares encontrem conforto na justiça, mas também nos seus pares em ações de congregação.  

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