terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lamento Sertanejo

“Eu quase que não consigo
Viver na cidade
Sem ficar contrariado.”

Quem consegue viver na cidade hoje sem sentir contrariado com a violência, com a sujeira e com a vergonha.
Todos os dias o trânsito fica mais complicado por conta do aumento do números de carros, a cidade ganha mais gente de roupa fina e mais pobres miserais mal trapilhos.
Tem dias que quero pegar um ônibus espacial e migrar pra lua e observar a Terra do alto; sem ter que me envolver com os problemas que os homens criaram para aprender a conviver numa sociedade de consumo compulsivo onde o dinheiro é o que move as cidades...
É já foi o dia que campo fazia a cidade funcionar, era o campo que acordava com seu homem de mão calejadas, de costas largas, com ambições de ter apenas o que comer e ver seus filhos crescidos para ajudar na lavoura.
Nobres senhores de braços e pernas e bocas para sobreviver nas diversidades da natureza.
Hoje o campo corre com caminhão, colheitadeira, trator, poeira, sementeadeira, agrotóxico, transgênicos e dólar.
O tempo mudou, as horas já são contadas de outra forma e os dias que eram longos para colheita agora são rápidos e dão dinheiro em debêntures. A soja não alimenta o peão e nem sempre o gado, mas dá dinheiro no bolso do dono da terra.
A cidade é maior que o campo.
A cidade engole o campo com sua tecnologia, com sua fúria vertiginosa de espaço de produção capital, trazendo a rapidez da internet, dos bancos de dados virtuais, das ciências telemáticas e biológicas para super produção em espaços menores.
As montanhas ganham casas e ladeiras.
As vilas ganham "pegas" de carros.
O tempo que corria com o prumo do Sol, hoje corre com sistema de downloads sistemáticos de ferramentas para agilizar mais ainda o tempo do corre-corre.
As famílias que antes eram numerosas, pois morriam muitos e precisava de muitos braços para trabalhar estão minguando a pessoas solitárias e distintas umas das outras.
A cidade que antes era pequena, hoje extensa, imensa, indevoluta, fria, cinza e sem graça. As praças casa para cidadãos sem casa e assim viadutos também. Quem vive na cidade é por que trabalha nela ou não tem mais para onde ir.
O campo não é mais do lavrador é do homem da cidade que tem dinheiro pra comprar avião e aterrizar no meio da plantação de soja e dizer que a safra já toda vendida e fará uma festa para seus empregados que dirigem os tratores e equipamentos sotisficados.
É quem diria que a cidade comeria o campo, quando o campo é que conduzia a cidade e consumia a cidade.
Pensemos no hoje para fazermos um amanham melhor.

Um comentário:

Naldus disse...

a tendência é piorar!

Paz e bem!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...